ATA DA DÉCIMA QUINTA SESSÃO SOLENE DA TERCEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA TERCEIRA LEGISLATURA, EM 12-8-2003.

 


Aos doze dias do mês de agosto de dois mil e três, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às dezessete horas e sete minutos, constatada a existência de quórum, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos da presente Sessão, destinada à entrega do Título Honorífico de Cidadão Emérito ao Senhor Dante D’Angelo, nos termos do Projeto de Resolução nº 011/03 (Processo nº 0539/03), de autoria do ex-Vereador Fernando Záchia. Compuseram a MESA: o Vereador João Antonio Dib, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; o Deputado Estadual Luiz Fernando Záchia; o Senhor Mário Panaro, Cônsul-Geral da Itália; o Senhor Telmo Kruse, representante do Conselho de Cidadãos Honorários de Porto Alegre; o Capitão-Tenente Leandro de Oliveira Pires, representante da Delegacia da Capitania dos Portos de Porto Alegre; o Segundo-Tenente José Fernando Ribeiro, representante do 5° Comando Aéreo Regional - COMAR; o Senhor Dante D’Angelo, Homenageado; o Vereador João Carlos Nedel, na ocasião, Secretário “ad hoc”. A seguir, o Senhor Presidente convidou a todos para, em pé, ouvirem a execução do Hino Nacional Brasileiro e, em continuidade, concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em nome da Casa. O Vereador João Carlos Nedel, em nome da Bancada do PP, pronunciou-se acerca do significado do Título hoje entregue, como o reconhecimento da Cidade ao espírito empreendedor e à visão de futuro sempre encontrados na pessoa do Senhor Dante D’Angelo, ressaltando a atuação do Homenageado como um dos idealizadores do Prêmio "Springer por um Rio Grande Maior" e um dos fundadores da Associação dos Dirigentes de Vendas e Marketing do Brasil. O Vereador Reginaldo Pujol, em nome da Câmara Municipal de Porto Alegre, parabenizando o Deputado Estadual Fernando Záchia pela autoria do Projeto de Resolução que propôs o Título hoje entregue, discorreu sobre a trajetória profissional do Senhor Dante D’Angelo, ressaltando ser Sua Senhoria um exemplo de vida a ser seguido por todos e destacando seu trabalho como jornalista em defesa do crescimento cultural, político e econômico do Estado. Após, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Deputado Estadual Fernando Záchia, que relatou contatos mantidos com o Vereador João Antonio Dib e que oportunizaram a entrega do título hoje oferecido ao Homenageado, afirmando que a figura do Senhor Dante D’Angelo sintetiza o seu ideal de uma cidade unida pelo trabalho na busca de uma sociedade melhor. Em prosseguimento, o Senhor Presidente convidou o Deputado Estadual Fernando Záchia e a Senhora Edith D’Angelo a procederem à entrega do Titulo Honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Senhor Dante D’Angelo, concedendo a palavra ao Homenageado, que agradeceu o Título recebido. Após, o Senhor Presidente  convidou os presentes para, em pé,  ouvirem a execução do Hino Rio-Grandense e, nada mais havendo a tratar, agradeceu a presença de todos e declarou encerrados os trabalhos às dezessete horas e cinqüenta e cinco minutos, convidando a todos para a Sessão Solene a ser realizada a seguir. Os trabalhos foram presididos pelo Vereador João Antonio Dib e secretariados pelo Vereador João Carlos Nedel, como Secretário "ad hoc". Do que eu, João Carlos Nedel, Secretário "ad hoc", determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pela Senhora 1ª Secretária e pelo Senhor Presidente.

 

 


O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Estão abertos os trabalhos da presente Sessão Solene, destinada a homenagear o Sr. Dante D’Angelo. Compõem a Mesa o Sr. Fernando Záchia, Deputado Estadual; Sr. Mário Panaro, Cônsul-Geral da Itália; Dr. Telmo Kruse, representante do Conselho de Cidadãos Honorários de Porto Alegre; Capitão-Tenente Leandro de Oliveira Pires, representante da Delegacia da Capitania dos Portos de Porto Alegre; 2º Tenente José Fernando Ribeiro, representante do 5.º COMAR; senhoras, senhores, demais autoridades presentes e familiares  do homenageado.

Convidamos todos os presentes para, em pé, ouvirmos o Hino Nacional.

 

(Ouve-se o Hino Nacional.)

 

Nós estamos reunidos, neste momento, para homenagear, com muita justiça, esta figura extraordinária que é o Dr. Dante D’Angelo, jornalista, economista e, sobretudo, uma criatura humana extraordinária.

O Ver. Fernando Záchia, a pedido deste Vereador, apresentou o Projeto de Resolução, tornando Cidadão Emérito o nosso homenageado, que foi aprovado pela unanimidade dos  Srs. Vereadores.

Eu sempre afirmo que o tempo não passa, nós é que passamos. O nosso querido homenageado, como todos nós, está passando pelo tempo. Alguns marcam o tempo de forma definitiva, e o nosso Dante D’Angelo, em todas as suas funções, foi marcando o tempo. Ele marcou, quando encontrou a D. Moema, lá naquela longa avenida que é o tempo, e ficou um ponto marcado; marcou com o Dante José, com a Beatriz, com a Ana Lúcia, com o Luiz Antônio, com o Cláudio, com o Marcelo, com os seus seis netos e os três bisnetos.

Esses pontos da estrada de Dante D’Angelo estão marcados indelevelmente, mas hoje o tempo é que está marcando o nosso homenageado. Hoje o povo de Porto Alegre pela unanimidade dos seus representantes, portanto, pela unanimidade do povo porto-alegrense, pois os Vereadores são a síntese democrática de todos os cidadãos, está dizendo que Dante D’Angelo é emérito, é insigne, é um homem que realmente prestou serviços a esta Cidade, e hoje está aqui também sendo marcado pelo tempo, mas protegido pela D. Edith, e as coisas tornam-se muito mais fáceis quando a família está ao lado; com a família ao nosso lado fica tudo muito mais fácil. A Cidade, por todos os seus títulos, por todos os seus conselhos, diz que o senhor merece o Título Honorífico de Cidadão Emérito e diz também que o senhor vai ter de continuar trabalhando um pouco mais. Sei que o senhor não parou de trabalhar, o que faz com que o senhor seja realmente um homem feliz. Queremos que o senhor continue muito tempo em nosso meio, trazendo ao nosso conhecimento, trazendo para a nossa ilustração a sua experiência, que não pode ser perdida. Dante foi jornalista, foi economista e, como eu disse no início, é uma extraordinária criatura humana. Queremos que esta criatura humana continue servindo a sua Cidade como fez até agora.

O Deputado Fernando Záchia, ex-Vereador, pede também que eu transmita ao senhor, aos seus familiares e aos amigos da ADVB o carinho com que ele fez a apresentação deste Projeto e a satisfação que temos hoje, juntos, em entregar o título a Vossa Senhoria.

O Ver. João Carlos Nedel está com a palavra e falará em nome do Partido Progressista.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Sr. Presidente, Sras. Vereadoras e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) É uma enorme responsabilidade falar em nome da Casa, especialmente, a responsabilidade que impõe o nome Dante D’Angelo.

Primeiro, por ser Dante, o inesquecível e imperecível poeta florentino, cuja obra máxima e mais conhecida foi a Divina Comédia, mas que deixou também outras produções de valor literário ímpar, como La Vita Nuova, em que descreve seu platônico amor por Beatriz, romance dos mais celebrados na história das paixões humanas.

Dante, que lutou com o exército guelfo de Florença na batalha de Campaldino, onde os florentinos venceram os exércitos guibelinos de Pisa e Arezzo e recuperaram o poder sobre a cidade.

Dante literato e poeta, guerreiro e político, homem e cidadão, em tudo aspirante ao certo e ao perfeito.

Depois, por ser D’Angelo. Um “angelo”, um iluminado, um favorito do Criador, com uma destinação especial, a de melhorar o mundo em que vive.

Assim é, de fato, Dante D’Angelo, que honra e valoriza o nome que tem e os significados que implica. O currículo que modestamente ostenta não lhe faz justiça, nem à magnitude de seu trabalho.

Mas, de tudo o que se pode falar de Dante D’Angelo, eu gostaria de destacar primeiro o seu espírito empreendedor, a sua paixão pelo preparo de caminhos aplainados para o futuro e a sua presciência dos caminhos pelos quais deve trilhar o desenvolvimento.

O Prêmio Springer por um Rio Grande Maior, por ele idealizado e coordenado em quase todas as suas edições, teve o mérito indiscutível de realçar a atividade política, que tão bem o Deputado Fernando Záchia representa na Assembléia Legislativa, e valorizar a ação parlamentar, tornando-a mais producente e produtiva.

Dante foi também um dos fundadores da Associação dos Dirigentes de Vendas de Porto Alegre, da qual foi brilhante presidente nas duas primeiras gestões. Eu gostaria de enfatizar, Dante, esse trabalho maravilhoso que foi criar a ADVB – e vejo aqui meu grande presidente Reni Renato Jaeger, de cuja diretoria tive a honra de participar por oito anos. Vimos o trabalho que Dante criou, que Dante idealizou, praticamente introduzindo a palavra marketing no Rio Grande do Sul, e daí se criou um mercado e uma comercialização, eventos espetaculares. Eu me recordo de que nós discutíamos lá na ADVB: “Puxa, o Rio Grande tem tudo. Sabe produzir, sabe desenvolver, mas não conhece ainda a ciência da venda”, meu caro Lenin. E essa ciência da venda, do marketing, da divulgação dos produtos de todo o setor que envolve a comercialização, lá na ADVB, criada por Dante D’Angelo, que foi Presidente, que foi orientador desses primeiros caminhos,  hoje a nossa querida ADVB, tão bem dirigida por Alberto Brentano, soube coroar essas iniciativas do nosso grande Dante, o trabalho que ele iniciou e que a ADVB completou. Eu vejo aqui também um anterior Presidente da ADVB, Mércio Tumelero, e deve haver outros por aí que eu não estou me recordando, nosso Presidente atual, Alberto Brentano, e tantos componentes dessa maravilhosa instituição.

O trabalho que a ADVB realizou no Rio Grande do Sul, iniciado por Dante, repito, não tem medida, é incomensurável, não se pode definir, porque abriu caminhos, gerou desenvolvimento, abriu perspectivas para o futuro do nosso Rio Grande.

Hoje, tristemente, temos dificuldades com desemprego, mas como seria se não houvesse o trabalho de Dante D’Angelo? Por isso, o trabalho de Dante deu vida e respeitabilidade à ADVB, onde ele foi muito feliz na criação da campanha “Imposto Pago, Progresso Assegurado”.

Eu falaria horas sobre Dante, sobre o seu trabalho, sobre o seu espírito empreendedor, poderia falar sobre o jornalista que foi e que é Dante D’Angelo, sobre as suas crônicas, e, ainda assim, restaria conteúdo para ser falado e acrescentado a esta homenagem que em tão boa hora e com tanta sabedoria foi proposta pelo então Vereador e hoje Deputado Fernando Záchia, a quem apresento efusivos cumprimentos.

Eu estou com ciúme da sua iniciativa, mas sei que foi proposta com o coração, com uma necessidade imperiosa, expressando o que a sociedade precisa tributar a Dante D’Angelo. Parabéns, ilustre Deputado Fernando Záchia. Porto Alegre sente-se efetivamente honrada em conceder este Título de Cidadão Emérito a um emérito que muito construiu por Porto Alegre, e essa qualidade percebemos na pessoa de Dante D’Angelo. Hoje a Câmara de Vereadores apresenta este Título, esta homenagem, aprovada por unanimidade pelos Vereadores. Eu tenho a certeza de que falo em nome de todos os Vereadores, especialmente em nome do Ver. Reginaldo Pujol e em nome da minha Bancada do Partido Progressista, composta pelos Vereadores Pedro Américo Leal, Beto Moesch, Presidente João Antonio Dib e por este Vereador. Que Deus continue lhe abençoando, transmitindo esses talentos, e a nós só nos cabe agradecer a Deus pelos talentos que deu ao Dante D’Angelo, e que ele pôs em prática em benefício de Porto Alegre e do Brasil. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Ao longo dos 83 anos de vida de Dante D’Angelo, 83 anos muito bem vividos, a homenagem deve ter sido uma constante na sua vida, mas, neste ano, acho que todas as homenagens foram superadas, porque o Executivo Municipal, nos 230 anos da cidade de Porto Alegre, lhe outorgou a Medalha de Porto Alegre, e hoje o Legislativo lhe outorga o Título de Cidadão Emérito.

O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra e falará em nome da Casa.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, Sras. Vereadoras e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) O mundo reserva-nos algumas surpresas. Nesses últimos 15 minutos, essas surpresas se sucederam, mas aprendemos com o pensador e poeta espanhol Ortega y Gasset que o ser é o homem e as suas circunstâncias. Encontro-me no momento em uma circunstância excepcional. Eu confiava que o Ver. João Carlos Nedel, com seu belíssimo pronunciamento, já tivesse se manifestado em nome de toda a Casa. Ele o teria feito com invulgar brilho e, sobretudo, com grande eloqüência. Eis-me distinguido pelo Presidente João Antonio Dib de secundá-lo nesta manifestação, o que, convenhamos, é, de um lado, uma honraria e, de outro lado, um desafio, porque dificilmente eu poderei acrescentar às brilhantes palavras do Ver. João Carlos Nedel algum acréscimo na sua homenagem a esse símbolo do empreendedorismo do Rio Grande do Sul que é o nosso homenageado. De qualquer sorte, diante do desafio e da circunstância, cabe-me a honraria de saudar Dante D’Angelo, esse filho de italianos; italianos que vieram para cá no final do século XIX e, evidentemente, criaram uma prole da qual Dante D’Angelo é um destaque proeminente. Envolve esta homenagem um aspecto que deve ser gizado: esta proposta foi feita em 30 de janeiro deste ano e marca o derradeiro ato político do então Ver. Fernando Záchia, que, um dia após, assumiria na Assembléia Legislativa do Estado, onde se encontra, honrando o mandato popular que recebeu. O Fernando Záchia foi, sem dúvida nenhuma, uma das figuras mais expressivas que esta Casa teve durante um decênio. Se por um lado, lamentamos a sua saída naquela ocasião, porque era uma perda de qualidade para a nossa Casa, de outro, sabíamos que o Rio Grande do Sul ganhava um grande expoente, como já começa a comprovar nas suas primeiras movimentações o hoje Deputado Fernando Záchia. Não poderia ter chave de ouro melhor para encerrar o seu mandato, do que essa sua sensibilidade de promover a homenagem a Dante D’Angelo, a este homem que tem a sua vida pontilhada de exemplos, em que o seu pioneirismo fica caracterizado nos atos e nos fatos.

Em 1954, ano em que eu chegava, vindo lá de Quaraí para Porto Alegre, Dante já era integrante da primeira turma de jornalismo da Pontifícia Universidade Católica. O jornalismo é, sem dúvida nenhuma, o marco referencial mais expressivo da vida do nosso homenageado, porque há algum tempo antes havia, aos 16 anos de idade, ingressado no nosso velho róseo, no jornal Correio do Povo, para iniciar-se nas atividades de auxiliar daquela grande empresa jornalística que, por longos anos, foi o ponto referencial do jornalismo sul-brasileiro e – por que não dizer? – até referência do território nacional. Mais tarde, já mais adulto, começaria uma atividade que certamente viria a notabilizá-lo, com seus escritos, com suas crônicas, com o seu jornalismo investigativo, com as inúmeras demonstrações de preocupação com o Rio Grande que começava a se empobrecer e , finalmente, desenhar-se-ia em uma obra que tenho o privilégio de ter na minha biblioteca, que é uma coletânea de todos esses trabalhos.

Este é o perfil do homenageado de hoje: um homem que conheceu a alegria do matrimônio por duas vezes e que teve a dádiva divina de ter seis filhos, homens e mulheres, todos eles destacados nas suas atividades, alguns aqui na Cidade, alguns no Rio Grande e outros fora do Rio Grande do Sul.

Sr. D’Angelo, o que é que pode dizer um guasca de Quaraí para um filho de italiano que tão profundamente influenciou a vida cultural do nosso Estado? Eu quero lhe dizer – e o faço de coração – que o Fernando Záchia é um homem iluminado que, ao fechar o seu mandato como Vereador, ao fazê-lo com chave de ouro, passou para toda a comunidade porto-alegrense e gaúcha um discurso muito eloqüente, quando disse: “Na Câmara de Vereadores, os Vereadores buscam afanosamente encontrar exemplos de qualificação pessoal para apresentar à sociedade. Eu fui muito feliz” - eu sei que o Záchia pensou assim - “encontrei o melhor dos exemplos: encontrei um jornalista, o fundador da ADVB, o criador do Prêmio Springer, o idealizador da Refinaria Alberto Pasqualini, o idealizador da Aços Finos Piratini, o homem que entendeu que o Rio Grande do Sul agropecuário precisava se modificar. Nós estávamos vivendo uma nova era, e era preciso cuidar do refino de petróleo, era preciso  cuidar da laminação do aço, enfim, era necessário que se desse outro salto no desenvolvimento econômico, como bem entendeu o Governador da época, Leonel de Moura Brizola, ao integrá-lo, junto com ilustres gaúchos, nas comissões que constituíram esses dois marcos referenciais da economia do Estado, que são a Refinaria Alberto Pasqualini e a Aços Finos Piratini.”

O Záchia entendeu tudo isso. O Záchia mostrou que não tem só sensibilidade para conquistar o apoio expressivo que consegue dos eleitores para fazê-lo um vitorioso na vida política, mas mostrou que tem sensibilidade para buscar, no seio da sociedade, um belo de um exemplo, a ser oferecido a todos os gaúchos e a todas as gaúchas: o de um vencedor, de um empreendedor, de um visionário e, sobretudo, de um homem de um grande coração e de uma grande sensibilidade. Este é o nosso homenageado de hoje.  Eu agradeço ao Záchia  ter-nos permitido, no seu último gesto nesta Casa, introduzir, na nossa Galeria de Cidadãos Honorários, um homem de talento, de qualificações e, sobretudo, do porte moral de Dante D’Angelo, o novo Cidadão Emérito de Porto Alegre. Era isso, Sr. Presidente. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Os Vereadores Reginaldo Pujol e João Carlos Nedel falaram pela Casa do Povo de Porto Alegre. Agora, pediria ao Deputado Fernando Záchia que também fizesse uso da palavra, porque foi o seu último ato político como Vereador, como bem frisou o Ver. Reginaldo Pujol.

 

O SR. LUIZ FERNANDO ZÁCHIA: Sr. Presidente, Sras. Vereadoras e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Eu digo com muita alegria, sempre quando posso-me manifestar, que, com muita honra, fui Vereador desta Casa por dez anos. Aprendi muito, e esta Casa foi, sem dúvida alguma, um local para mim, Ver. João Dib, de absoluta  lição da prática da democracia e do exercício da política.

 O Ver. João Dib, pelas relações pessoais que temos, familiares, foi para mim um professor.  O seu exemplo, o seu carinho e o seu amor pela cidade de Porto Alegre serviram para que então o jovem Ver. Fernando Záchia, chegando aqui no seu primeiro mandato, pudesse, na ação, na atitude do Ver. João Dib diante da cidade de Porto Alegre,  ter um exemplo, ter um caminho. Mais tarde, incorporou-se ao meu convívio o meu excepcional amigo Ver. Reginaldo Pujol. Eu aprendi muito com o Ver. Reginaldo Pujol, um homem que tem muita dedicação, um grande conhecimento da cidade de Porto Alegre, que nutre um carinho, um gosto, um amor pela nossa Cidade. Sem dúvida alguma, o Ver. Reginaldo Pujol, dentro das suas características, é um homem politicamente articulado, um negociador emérito, ajudou a este então Vereador a conhecer cada vez mais a nossa Cidade. No outro mandato, o Ver. João Carlos Nedel incorporou-se a esta Casa Legislativa, um homem de princípios, de fé, um homem correto, um cidadão que também tem em comum um carinho, um  amor pela Cidade de Porto Alegre. Todos estes Vereadores que estão aqui, que representam o conjunto dos 33 Vereadores, sempre nutriram pela nossa Cidade muita devoção, Ver. João Antonio Dib, muito respeito, muito cuidado em construir esta Cidade.

Quando aqui, no meu último ato - e bem lembrava o Ver. Reginaldo Pujol, dia 30 de janeiro, pois no dia seguinte assumiria a cadeira na Assembléia Legislativa -, o Ver. João Antônio Dib, Presidente desta Casa, chamou-me na sua sala, nós começamos a conversar, quando então ele começou a historiar o seu conhecimento, que tem como poucos, da nossa Cidade, dizendo: "Quero homenagear, não eu, o Ver. João Antonio Dib, mas a Câmara Municipal, a Cidade de Porto Alegre quer homenagear um homem que fez muito para a construção desse conceito de cidade". Em seguida, também falou: "Ver. Fernando Záchia, por uma questão regimental, estou impossibilitado de exercitar esta homenagem.” Eu estava saindo da Câmara de Vereadores e indo para a Assembléia Legislativa, mas ainda me era possível propor, e o Ver. João Antonio  Dib  oportunizou que eu pudesse ser o canal desta homenagem, por tudo que representou na história - que conhece como poucos - do nosso homenageado, mostrando tudo aquilo que ele fez pela nossa Cidade, pela construção de uma sociedade socialmente mais justa, mais equilibrada. Há quase cinqüenta anos, ele já chamava a atenção, lá no jornal Correio do Povo, para as desigualdades regionais do Rio Grande do Sul em relação ao Brasil, já que o nosso Estado empobrecia comparativamente aos outros Estados. E o nosso homenageado, com sensibilidade, já mostrava às autoridades, com muita antecedência, essa desigualdade social. Evidentemente, o Ver. João Antonio Dib convenceu-me. Eu lhe disse: "Eu terei a oportunidade, no meu último ato como Vereador” - durante dez anos fui Vereador desta Casa - “de manifestar todo o meu amor e o meu desejo de ver esta Cidade com menos injustiças, com menos desigualdades, sempre com mais otimismo e posso, por meio dessa homenagem, sintetizar o que eu penso da nossa Porto Alegre”.

Eu quero aqui agradecer ao Ver. João Dib pela oportunidade e aos Vereadores, que muito engrandecem esta Casa Legislativa e que engrandecem a nossa Cidade.

Eu gostaria de falar do nosso homenageado, muito já foi falado pelo Ver. Reginaldo Pujol, pelo Presidente João Dib e pelo Ver. João Carlos Nedel, queridos Vereadores, de tudo o que ele representa. É um homem de visão, desde a construção da Refinaria Alberto Pasqualini, desde a construção da Fundação da Aços Finos Piratini e da ADVB; um homem de absoluta visão que quer uma Cidade bem melhor.

O que mais, sem dúvida alguma, sintetiza por que nós, porto-alegrenses, temos de homenagear o Dante é que - permitam-me recuperar a data -, em 1997, os seus filhos publicaram “No Banco do Jardim”, um livro com obras suas, com as suas crônicas do jornal Correio do Povo, que versavam sobre a cidade de Porto Alegre, ele sempre teve esse cuidado, essa preocupação, essa linha de atuação e uma constante relação com a cidade de Porto Alegre.

Encerro, meu querido homenageado, dizendo que, sem dúvida alguma, esta é uma data importante para a cidade de Porto Alegre, é importante para a Câmara Municipal, para todos os seus amigos e seus familiares, mas, sem dúvida, é importante para o senhor. Tenha a convicção absoluta de que, hoje, à noite, na hora de dormir, o senhor vai encostar a cabeça no travesseiro e vai saber, no fundo do coração, que foi muito justa esta homenagem, que a cidade de Porto Alegre está fazendo justiça para quem nasceu nesta Cidade em 1920, para quem, ao longo da sua vida, trabalhou muito na construção de uma cidade melhor. Sem dúvida alguma, neste momento de reflexão, o senhor vai saber que nós fizemos justiça, todos nós. Parabéns ao senhor. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Convido o Deputado Fernando Záchia e a D. Edith, companheira de todos os momentos do nosso homenageado, para fazerem a entrega do Título Honorífico de Cidadão Emérito de Porto Alegre ao nosso homenageado.

 

(Procede-se à entrega do Título.) (Palmas.)

 

Neste momento, convidamos o nosso homenageado, Sr. Dante D’Angelo, para que ele possa dizer das suas emoções, da sua satisfação, para que possamos aprender um pouquinho mais.

 

O SR. DANTE D’ANGELO: Sr. Presidente, demais membros da Mesa, meus amigos, eu não sei o que mais me assusta, se é a emoção ou se é a sensibilidade. Em todo o caso, esta homenagem eu recebo comovido!

Nunca pensei que o modesto garoto da Floresta, da Praça Florida, um dia viesse a receber esta honraria. Eu sou grato pela distinção, não pelo que eu fiz, não creio que seja por isso. Acho que não são os gestos, nem a minha bondade; não é o interesse, principalmente em servir... E, hoje, nós temos aqui a soma de todos os feitos trazidos nesta homenagem.

Eu não sei como agradecer, mas fiquem certos de que levo, no fundo do coração, como uma homenagem que a minha Cidade natal tão querida me presta. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Realmente as palavras do nosso homenageado reafirmam o acerto da Casa do Povo de Porto Alegre em lhe prestar esta homenagem. Ele é um Cidadão Emérito; ele é o menino da Floresta que se tornou homem, amando cada vez mais a cidade de Porto Alegre; e  esse é o exemplo que ele nos diz com todas as palavras: vamos amar Porto Alegre, que, no dia 24 de julho, fez 230 anos, como Capital. E a Câmara, na primeira semana de setembro, vai festejar os 230 anos de Câmara Municipal em Porto Alegre.

Eu agradeço a todos pela presença. Agradeço aos familiares, aos amigos, à imprensa; agradeço, em especial, ao Deputado Fernando Záchia, proponente desta magnífica homenagem; agradeço ao Dr. Mário Panaro, Cônsul-Geral da Itália - e os italianos serão homenageados logo mais nesta Casa -; ao Dr. Telmo Kruse, representando os Cidadãos Honorários, que adquirem hoje, no Conselho dos Cidadãos, um nome extraordinário; ao Geraldo Stédile, que é o Presidente do Conselho de Cidadão Honorários; ao Capitão-Tenente Leandro de Oliveira Pires, representante da Delegacia da Capitania dos Portos de Porto Alegre e ao 2.º Tenente José Fernandes Ribeiro, representante do 5.º Comando Aéreo. Saúde e paz!

Neste momento, convidamos a todos os presentes a ouvirmos o Hino Rio-Grandense.

 

(Ouve-se o Hino Rio-Grandense.)

 

Agradecemos a todos pela presença e damos por encerrada a presente Sessão Solene.

 

(Encerra-se a Sessão às 17h55min.)


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